sexta-feira, 22 de abril de 2011

Como surgiu a ideia da nova capital

Fugindo um pouco do tema do meu Blog, vou postar  uma matéria, que saiu em uma importante revista de Brasília, que conta uma parte importante da historia do Brasil e também da minha amada cidade Jataí, confira e comente a matéria, e ajude a divulgar, assim estaremos divulgando o quanto jataí é importante na historia do Brasil...


Juscelino afirmou que, olhando para o firmamento, viu o Cruzeiro do Sul, e uma estrela se comunicou com ele. JK disse que essa estrela falou para ele o seguinte: “Você vai ser o futuro presidente do Brasil”. Voltando para Belo Horizonte, ele organizou seu comitê de campanha presidencial e encontrou lá o recado de um político daqui, um senador por Goiás: Dário Délio Cardoso.
Dário dizia que JK estava com muitas possibilidades de ser o futuro presidente, mas que não deveria começar sua campanha fazendo comícios nos grandes centros. Isso era a advertência de um político daqui de Goiás, porque JK estava sendo perseguido pelos militares. Então, ele deveria começar sua campanha pelo interior. Em Goiás, na cidade de Jataí, existia a maior força política do seu partido, o PSD [Partido Social Democrático]. E aí ele perguntou: “Quem é a liderança política aí, em Jataí?”. E, então, informaram a ele: “doutor Serafim de Carvalho”, que era médico também e foi contemporâneo de estudos de Juscelino. Ele conhecia o doutor Serafim. Quando Juscelino tomou conhecimento de que aqui, em Jataí, no interior de Goiás, havia o maior reduto pessedista do país e que a liderança era do doutor Serafim, ele falou: “Não tem mais o que discutir”. Ele me contou depois, pessoalmente! “Vai ser lá”, me disse, em 1972, no Rio.
Naquele ano [1972], eu fiz uma visita para ele, no Rio, por intermédio da revista Manchete. Foi quando ele me contou muitos detalhes desse dia. Como naquele tempo Jataí não tinha telefone ainda, porque isso foi em 1955, Juscelino passou um telegrama ao doutor Serafim, para lhe comunicar que, no dia 31 de março, que era a data prevista na legislação eleitoral da época, ele, Juscelino, deixaria o governo ao seu substituto legal, o vice-governador de Minas, e faria seu primeiro comício em Jataí, iniciando sua campanha presidencial por lá. Doutor Serafim recebeu esse telegrama em um domingo, dentro da igreja. Terminada a missa, o doutor Serafim chamou muitos amigos para a porta da igreja e mostrou aquele telegrama do Juscelino, que dizia que JK iniciaria sua campanha por aqui, menos de uma semana depois. Isso foi em 27 de março.
A população ficou emocionada! A minha participação na história de Brasília começou nesse dia. Eu estava com os amigos na porta de igreja, tinha 29 anos, quando Serafim me chamou. Então, me chamou e me pediu para levar aquele telegrama à casa do prefeito, que também era nosso parente e amigo, doutor Luziano de Carvalho. Levei o telegrama para ele. Em seguida, fomos à casa do doutor Serafim, para estudar, preparar a recepção ao candidato, que seria dali a uma semana. Havia tempo para tudo. E o prefeito organizou uma grande recepção ao candidato no dia quatro de abril.
Quando eram 10h da manhã, conforme o telegrama do candidato, o avião sobrevoou a cidade, um Douglas DC 3 daquela época, prefixo ANY, e aterrissou no aeroporto. Jataí não tinha calçamento. Quando era época de poeira, tinha muita poeira, quando era época de chuva, muita lama. Mas naquele dia amanheceu um céu limpo, aberto, estava muito bom.
Foi feita uma grande recepção, com muita gente no aeroporto, uma recepção festiva, cheia de entusiasmo, mas muita gente mesmo! A cidade ficou repleta. Uma cidade do interior como Jataí, com 12 a 15 mil habitantes, receber um candidato à Presidência da República, para fazer seu primeiro comício, tinha uma importância muito grande para nós. Nós, entusiasmados com o fato, organizamos um grande cortejo pelas principais ruas da cidade, ele na frente em um carro conversível, com o doutor Serafim, e a praça já organizada para um grande comício. A praça, com o pessoal lá, esperando, serviço de alto falante, palanque organizado, montado, e nós, o povo, atrás do candidato.
Quando foi anunciada a presença do candidato à Presidência da República, doutor Juscelino Kubitschek, começou a ventar e a chover. Você precisava ver... Depois, ele deixou escrito que: “Aquele imprevisto foi uma predestinação política. E o Toniquinho foi escolhido lá de cima para fazer aquela pergunta”. Se o comício fosse na praça, muita gente iria usar da palavra, mas como atrasou, houve esse imprevisto, a mudança do local do comício também não havia sido prevista. O comício foi improvisado no barracão de uma oficina mecânica que havia lá por perto. Chovendo, com o povo saindo da praça, o prefeito anunciou que o comício estava sendo transferido para o barracão de uma antiga marca de carros da época.
O palanque era um caminhão velho que estava no conserto, existe até uma fotografia. Doutor José Feliciano Ferreira, que era nosso deputado estadual, de Jataí, fez a apresentação do candidato, e depois foi Juscelino. Ele fez um discurso muito eloquente, cheio de entusiasmo. Ressaltou muito o seu desejo incontestável de cumprir a Constituição. Depois, em um encontro que tivemos no Rio, ele me contou o porquê da estratégia política dele em falar muito em cumprir a Constituição. Relatou-me que o motivo foi o fato de a sua candidatura estar sendo ameaçada, porque os militares não queriam que ele fosse candidato. Se ele falava muito em cumprir a Constituição, é porque não queria fazer nada errado. Ele queria fazer tudo certo... Eu, por coincidência, vi muito, na Constituição, aquele dispositivo constitucional que falava sobre a mudança da capital.
Juscelino quis dialogar com o povo. Ele disse que, quando foi candidato a governador em Minas, fez isso, e deu muito certo. Foi muito bom, porque o povo gostava de fazer perguntas, sugerir alguma coisa. E naquele quatro de abril, no palanque do caminhãozinho, ele queria conhecer a opinião daquele povo ali presente sobre o momento político brasileiro.
Ninguém falava nada. Todo mundo quietinho, o povo do interior, tímido, humilde, e ele pediu, porque queria que a população manifestasse alguma coisa. Até que eu, com o coração saindo pela boca de emoção... levantei o dedo e perguntei para ele: “Já que Vossa Excelência falou tanto em cumprir a Constituição, nós gostaríamos de saber, se eleito for, se o senhor vai mudar a capital para o Planalto Central goiano, conforme está previsto na Constituição”.
Ele se assustou com a minha pergunta. Estava todo esguio lá em cima, com a cabeça erguida... E, então, deu uma murchada. Ele não esperava uma pergunta daquela. Olhou para um lado, para o outro, para os seus companheiros de palanque. Durante mais ou menos um minuto, ele ficou olhando para os lados, como quem diz: “E agora?”. E me respondeu: “Como candidato a presidente da República, não posso ignorar esse dispositivo constitucional”. Ele me disse depois, ainda, que a minha pergunta, naquele momento, era embaraçosa, difícil, mas, ao mesmo tempo, muito oportuna e feliz. Sem dúvida, era um homem de muita coragem e de muita decisão. Afirmou que, a partir daquele momento, faria daquela pergunta o objetivo principal da sua campanha e de sua administração, se eleito fosse. O povo aplaudiu demais...
Eu tenho três cartas dele, além de documentos. Em 1961, quando ele deixou o governo, agradeceu a todos os seus amigos que, de uma forma ou de outra, colaboraram com ele. Eu fui uma das pessoas que recebeu uma carta dessas. Eu tive esses contatos com ele. Visitei-o no Palácio da Alvorada também, em Brasília, na época da construção. Conheci Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, acompanhados por ele. De Jataí, JK seguiu para Anápolis e, de Anápolis, ainda ia a Manaus, para onde tinha sido convidado a fim de participar de uma inauguração, a descoberta de um poço de petróleo em Nova Olinda, no estado do Amazonas. Em Anápolis, Juscelino falou do compromisso dele feito em Jataí. Também fez o mesmo em Manaus. A partir daí, ele desenvolveu a sua campanha, começando pelo interior. E obteve êxito, com 500 mil votos de diferença para o segundo colocado!
Sinto-me feliz e gratificado por ser considerado o estímulo à construção de Brasília. Hoje, sou conhecido em todo o estado de Goiás como Toniquinho JK.

Matéria retirada por Saulo Prado da
“ Revista Brasília em Dia"

2 comentários:

Ulisses Reis ® disse...

Muito bom, amo a Historia e o da nossa Nação mais ainda, parabéns pelo post, conhecia a foto , mas não os fatos, gostei muito, tenha uma domingo de Felicidade e Renovação, abraço!

Unknown disse...

Passando para desejar Boa Páscoa !!!

Aproveito para dizer que voltei e, vou postar todos os dias !!!
Me acompanhe !! Adóro sua visita !!

Ahhh ... tenho um novo blog também >> http://artesdejulia.blogspot.com/

Beijos e Bom Domingo !!!

Julia

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